segunda-feira, 25 de outubro de 2010

VAI, CORINTHIANS!

Meu pai me levou pela primeira vez ao estádio quando eu tinha uns 5 anos. Desde  então...’. Todo mundo tem uma historinha assim para contar sobre seu time. Eu não. Meu pai não fez parte da minha infância, tampouco era fã de futebol. O coroa sempre foi um poeta-jornalista-músico blasé, perdido nalgum lugar dos anos 70. Na verdade, ele odeia futebol. Minha mãe tinha uma queda pelo Corinthians. Mas vc sabe, quedas não influenciam criança alguma. Então eu não era nada no Mundo Encantado dos Esportes.

Menininha corinthiana e seu papai. Ah, sonho dourado...

Sentia uma certa apatia por futebol e não entendia como que 90% dos nordestinos eram flamenguistas. Reza a lenda que a torcida do Flamengo cresceu no Nordeste depois de uma jogada política a la Pão & Circo. Aliás, se alguém souber mais sobre o assunto, favor, manifeste-se. Sorte não ter eu também virado flamenguista. Ou bom gosto, destino, intuição, enfim, nomeações a gosto do freguês. E quando retrucam que Flamengo no Rio = Corinthians em SP, respondo que malandro é malandro, mané é mané, se é que vcs me entendem.


Divago. Voltemos à Terra.


Bom, eu só torcia de 4 em 4 anos pelo Brasil. Burguesinha oportunista fdp, pofalá. Só gostava de Voley. Até que um dia decidi que o esporte era elitizado demais pro meu jeitin assim... tão povão. Aí voltei a ser nada no Mundo Encantado dos Esportes.

Então belo dia vim parar em São Paulo (vou poupá-los desta saga-clichê-de-imigrante nordestina). Mas bem, como se sabe, metade da Paulicéia é Alvinegra. Estava cercada por amigos corinthianos - E sempre me apaixonava por Palmeirenes. Ó, ironia. Mas veja bem, na época ainda era cão sem pátria. Então tanto faziam as paixonites. 

Divago de novo, vamos aos fatos. Não lembro bem o dia, em Janeiro de 2009 fui acompanhar um casal de amigos em um jogo do Corinthians no Pacaembu. Até então, só havia entrado em estádios alagoanos e como repórter. Nada a declarar.


Lá estava a ovelha sem pastor no meio de um rebanho apaixonado. Cabreira, tímida, num recorrente "o que eu tô fazendo aqui?". Era Corinthians X Fluminense. Estava do lado da Gaviões. Jogo começa, ânimos acirrados, gritarias, batuques, hinos, odes, tensão. Passa bandeira, palavrões, paixão. E o gol, momento em comum, onde todo o rebanho se (re) conhece. No fim do jogo, eu já tava xingando o juiz de filho da puta. Foi assim que eu me apaixonei. Mais que isso: me identifiquei. Achei meu lugar ao sol. Podia ser qualquer time, confesso. Mas foi o Corinthians maloqueiro, sofredor, graças a Deus.

Não fui aos jogos quando menina. Daí hoje levo meus meninos

No fundo acho que não teria sido de nenhum outro time. Bom, vc tem todo o direito de achar seu pai o mais foda, seu colchão o mais confortável, sua namorada a mais amável. Permita-me esta mesma licença poética para achar sim, meu time o melhor do mundo. Com todas as falhas técnicas e estruturais que eu sei que ele tem. Isso é amor. Apesar de. Permita-me a mesma licença dos apaixonados que arriscam o "para sempre": eu arrisco o "amor  à primeira vista", c'est la vie.

Como em todo bom relacionamento, passei a conhecer o Corinthians, além de amá-lo. Continuo entendendo lhufas de futebol, mas hoje posso dizer que sou tão torcedora quanto aquela menininha da foto será um dia, aos olhos orgulhosos do papai. Posso dizer sem medo de ser feliz, que amo tanto meu time quanto vc ama o seu desde os 7 anos. 

Abro parêntese: Isso de achar que quem vem depois não merece respeito é o mesmo que dizer que seu irmão caçula não merece o amor da sua mãe porque, ora, vc veio primeiro, ele depois. Bullshit! Sejam sensatos. Fecho parêntese.


Hoje mal consigo crer que passei tanto tempo da vida apática a tudo isso. Nasci de novo, por assim dizer. E olha, recomendo fortemente. Onde quer que seja, em que time for. Torça. Tenha ídolos, paixões, vísceras. E tenha filhos para levar ao estádio, se seu clube tem um, rs.
#VaiCorinthians

Nenhum comentário: